Linguagem
Criadora
o corpo, o brincar e o registro na infância

Linguagem Criadora

Acredito que por meio de uma linguagem criadora seja possível auxiliar a pais, educadores e quem trabalha com o potencial criador humano, a resgatar essa expressão original.

A Linguagem Criadora é um processo de aprendizagem pelo estímulo ao potencial criador. O objetivo é acolher o que o ser humano tem de criativo e dar subsídios para que ele consiga realizar sua criação, sem impor modelos, mas oferecendo pontos de apoio específicos para cada pessoa, de acordo com seu estágio de evolução.
A Linguagem Criadora visa suscitar e entender o processo criador, inerente ao ser humano, por meio do conhecimento das características expressivas universais humanas e suas nuances pessoais, considerando as interpretações do individuo dentro de sua cultura e bagagem de vida.
O 4 pilares da Linguagem Criadora
sustentam a visão sistêmica do ato criador

A Formulação, proposta por Arno Stern
A Formulação é o compêndio de códigos ancestrais desenvolvidos por meio de traços que estão contidos no DNA do ser humano e são expressos quando a criança inicia o ato de desenhar. Esse conjunto está diretamente ligado à memória orgânica ou genética. E tem um desenvolvimento próprio e comum a todos. Arno catalogou e ordenou esses códigos e os estuda por meio da Semiologia da Expressão.

O Jogo e o brincar
A criança inicia sua interação com o mundo, por meio do jogo/brincar, ela experimenta as possibilidades do seu corpo e interage com tudo brincando. Ela brinca e joga para compreender a mecânica do mundo, é um modo natural e orgânico de aprender qualquer ação. Depois de um tempo, ela passa a Jogar com “peças” que ela mesma cria e é fundamental que a pessoa possa jogar com suas próprias peças. Mas qual a relação entre o jogo, o brincar e o desenho?
Tudo isso para a criança é a mesma coisa.
A criança desenha para viver experiências corporais ou projetadas por meio de personagens, lugares, formas e traços.

Mecanismos de criação e expressão
Evolução – É um caminho natural e contínuo que se dá por meio da descoberta do traço. Um gesto leva a uma linha, que leva a uma forma e assim monta-se uma figura que se una a outra figura e compõe-se uma cena.
Simultaneidade – Há vários caminhos para conseguir um mesmo traçado ou uma forma. No caminho da Formulação não há linearidade, pode-se muito bem fazer ao mesmo tempo um pontilhado ou uma garatuja e depois voltar a pontilhar.
Reiteração – Reiterar não é repetir, é reafirmar. E no caso do desenho é fazê-lo quantas vezes forem necessárias até esgotar as possibilidades, pelo menos naquele momento, de fazer determinado traço.

Acolhimento e escuta ativa
O papel do Servant ou seja a pessoa que “anima”, uma sessão de jogo de pintar, prática criada por Stern, traz em seu interior a postura ideal para ajudar um educador seja pai ou profissional que atua na área da educação a escutar compassivamente e a atender às necessidades da criança. Esse princípio é fundamental para exercer uma linguagem criadora.
O educador que pretende por em prática a Linguagem Criadora precisa atentar para alguns pontos importantes






Acolher o ser tal como ele se apresenta, a fim de deixá-lo ser e permitir que ele descubra suas potencialidades.
Dar assistência, no sentido de ficar atento às necessidades de cada indivíduo e apoiá-lo em sua deriva pessoal, devolvendo sua autonomia.
O ensino por meio do jogo/brincar, com o viés essencial do jogo que é a investigação, a superação, o reconhecimento de potencialidades e desenvolvimento de habilidades e competências.
Conhecer a Formulação, proposta por Arno Stern.
Para praticar a Linguagem Criadora é necessário fazer uma mudança exponencial no olhar para a atividade expressiva e na ação com relação ao ser humano
Alguns pontos são de extrema importância para que se possa proporcionar a expressão livre e espontânea dessa proposta
Não julgar
acolher o outro com suas diferenças e dar a ele o direito de ser diferente dentro do grupo.
Não determinar
o fim do caminho e sim iluminar o percurso.
Ter uma escuta ativa
limpa de preconceitos e predeterminações.
Dar elementos
para que o jogo/brincadeira aconteça sem competições, comparações e autojulgamentos.
Estabelecer vínculo
por uma conexão emocional para que o potencial criador aconteça.
Estar presente
sempre, e de
forma verdadeira.
Todos esses princípios propostos na linguagem criadora vão, certamente, modificar o olhar do educador e de pais, terapeutas e cuidadores de crianças.
Conhecer toda essa estrutura de conhecimento fará com que o nível de aprendizado e a fixação do que é aprendido seja muito mais profunda, de maneira leve e sutil.